Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu há 10 anos. Hoje foi transladada para o Panteão Nacional. Uma homenagem à mulher, à cidadã, à poeta e... às palavras incomparáveis, sentidas, exigentes que escreveu.
Floresta
Entre o terror e a noite caminhei
Através do calor das suas veias
Não em redor das coisas mas morrendo
Transfigurada em tudo quanto amei.
Entre o luar e a sombra caminhei:
Era ali a minha alma, cada flor
- cega, secreta e doce como estrelas -
Quando a tocava nela me tornei.
E as árvores abriram os seus ramos
Os seus ramos enormes e convexos
E no estranho brilhar dos seus reflexos
Oscilavam sinais, quebrando ecos
Que no silêncio fantástico beijei.
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